segunda-feira, 16 de abril de 2012

A Engenharização social de Portugal hoje!

Não simpatizo com nenhuma ideologia política em particular, rejo-me apenas pelos ideais da liberdade, da paz e da igualdade de direitos. Porém, encontrei hoje um artigo (que a seguir transcrevo), que descreve a ideologia de Pol Pot e que tem umas certas semelhanças com o que se está a passar com Portugal:


"O Regime Khmer Vermelho,Khmer Rouge prison rulesentre 1975 e 1979, no Camboja, é das monstruosidades menos conhecidas na sua particular barbaridade. A ditadura de Pol Pot é modelar para quem quer estudar as consequências das engenharias sociais que pretendem criar Um Homem Novo. Fome, tortura e um milhão e meio de mortos (um quinto da população do Camboja).
Para criar o homem novo, igualitário, anti-intelectual, trabalhador incansável dos campos, e incontaminado pela educação burguesa, o regime de Pol Pot  retirou as pessoas das cidades (retirou os próprios doentes dos hospitais) e levou-as à força para o campo. Quem tinha óculos, sinal de intelectualidade, era obrigado a tira-los. Os filhos eram apartados dos pais para serem educados pelo Estado que eram ensinados a amar e a louvar, longe da educação familiar tradicional. Nos campos, trabalhava-se horas a fio a troco de escassas refeições (os membros do Partido tinham acesso a lautas refeições), e reacções como riso ou choro eram proibidas e sancionadas - o trabalho era uma coisa séria. O dinheiro, pasme-se, foi abolido. Trabalhava-se a troco de bens materiais (refeições). As primeiras gerações sofreriam, mas gradualmente todos se adaptariam evoluiriam no sentido da construção do Admirável Homem Novo.Com a enorme diferença que há entre um regime ditatorial e um regime democrático, assistimos hoje em Portugal a uma tentativa de engenharização social. O Governo catequiza-nos com fervor no intuito da criação mirífica desse português produtivo, tecnocrata, ambicioso, individualista e poupado.Orgulhando-se de ir mais longe do que o memorando da TROIKA, o nosso primeiro-ministro e seu séquito pastoreiam o rebanho dos portugueses para serem "mais exigentes", "menos piegas", a "pouparem mais", a consumirem menos e com mais discernimento, a deixarem de olhar para os maus alunos como os "coitadinhos", a procurarem a excelência. Há uma intenção de criar um Português Novo. O soundbyte do piegas é um pormenor no meio deste catecismo. Mais grave nesse discurso foi a divisão dos portugueses entre "preguiçosos autocentrados" e "descomplexados competitivos". E mais grave ainda é a mensagem de culpabilização dos desempregados, pessoas instaladas na sua "zona de conforto", contingentes de preguiçosos que, como não podem ser expulsos do país, são aconselhados a emigrar (ainda fazendo o Governo a gentileza de aconselhar os destinos: Brasil e Angola). Depois das reduções salariais, do aumento do número de dias laborais, da facilitação do desemprego, da diminuição do subsídio de desemprego e do tempo de duração do mesmo, é criada a sinistra figura do gestor de carreiras para desempregados. O opróbrio do desemprego é reforçado pelo estigma oficial de párias patetas que não sabem o que fazer.São conhecidas as criticas de Manuela Ferreira Leite, Cavaco Silva ou Pacheco Pereira (nenhum deles conhecido pelo seu perigoso esquerdismo) sobre o excessivo liberalismo reinante e sobre a necessidade de políticas de crescimento e de emprego. Adriano Moreira, um pensador de direita, assevera que o "credo no mercado" do governo actual só poderá conduzir a maus resultados económicos e a uma desgraça social.É verdade que Passos Coelho tomou medidas que negou veementemente tomar caso fosse eleito. Mas também é verdade que o seu programa eleitoral era conhecido, que as suas entrevistas e os seus escritos, nomeadamente em livro, mostravam o liberalismo económico na senda de Friedman, de Hayek e da Escola de Chicago. Um liberalismo de  pacotilha, superficial e pouco lido, profundamente desconhecedor da história e das características dos portugueses."


Este texto foi retirado na íntegra da revista bimensal "Portela Magazine de Março passado e é assinado por Manuel Monteiro, seu director.

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